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Cidades inteligentes ou vendedores de sonhos?

Adoptamos indiscriminadamente conceitos e práticas sem ter consciência real de serem necessárias para as nossas vidas.

Daniel Luzzi

·

3 de ago. de 2016

Adoptamos indiscriminadamente conceitos e práticas sem ter consciência real de serem necessárias para as nossas vidas.  Copiamos outros pensando que eles são melhores que nós, e que imitando vamos evoluir no mesmo nível deles, sem considerar muitas vezes quem somos, onde moramos, que problemas temos e que alternativas possuímos para resolver nossos problemas.

Nessa perspectiva tenho sido testemunha nos últimos anos de absurdos interplanetários, como uma cidade com graves problemas de saneamento básico investir fortes somas de dinheiro em colocar chips até nos cachorros de rua; outra comprando recursos didáticos digitais em 3D para os alunos da rede, mas sem conseguir usar porque não tinham memória gráfica suficiente nos computadores das escolas; e por aí vai.

A moda é ruim e sempre foi, nos faz distanciar da nossa realidade e perder o foco das nossas verdadeiras prioridades. 

Achamos que uma cidade inteligente é colocar chips, sensores e câmeras por todos lados.  Será que isso é que faz uma cidade inteligente? 

É claro que as chamadas altas tecnologias contribuem em todas as esferas da gestão pública, mas será que isso é prioridade para nós? O conceito de tecnologia envolve não só a chamada “alta” tecnologia, ele abrange também o uso de conhecimento, criatividade e inovação.

Os vendedores de sonhos andam de cidade em cidade vendendo Ferraris onde nem estradas temos.

Muitos gestores já concordam que as Smart Cities constituem, em parte, uma operação publicitária para que empresas ou grupos empresariais vendam suas “tecnologias” à ingenuidade de governos nacionais e locais, enquanto pretende convencer os cidadãos a viver em “cidades verdadeiramente inteligentes” Ninguém discute que até tem componentes muito interessantes mas a dúvida que paira no ar é se são prioridade da gestão em cidades que nem equilíbrio fiscal conseguem alcançar.

Nossas cidades vem sendo submetidas a um duplo desafio, por um lado o aumento da demanda da população e por outro o estancamento das receitas, ou o que é pior, a diminuição das mesmas. Como alcançar o equilíbrio fiscal sem colocar pressão nos bolsos dos munícipes através do aumento de impostos ou sem cortar verbas orçamentárias de programas ou serviços públicos?

O problema das prefeituras hoje não é a tecnologia do século XXI que utilizam, mas as práticas de gestão do século  XIX que ainda empregam.

O mundo mudou, mas muitas das nossas administrações continuam sumidas na gestão tradicional; um modelo que tem:

  • enxergado aos munícipes como clientes e não como parceiros no desenvolvimento sustentável das cidades;

  • com escasso controle da gestão interna, e o que é mais grave, das empresas prestadoras de serviço;

  • um modelo que tem enxergado a cidade como uma somatória de setores estanques, (cada secretaria administra seu setor sem articulação com as outras secretarias), sem compreender que este novo mundo que vivemos é um mundo altamente tecnológico, orientado a sustentabilidade e por sobre tudo complexo, já não alcançam as ações setoriais e as políticas fragmentadas para resolver a maioria dos problema que a sociedade nos apresenta.

A falta de visão (estratégica), é um dos problemas importantes da administração pública, pois administrar não é realizar atos isolados, desconexos, em tudo existe uma lógica e os processos são interdependentes e inter-relacionados, e para isso necessitamos contar com informação atualizada e um planejamento por objetivos múltiplos.

Muitas vezes as organizações têm buscado perpetuar modos obsoletos por meio de tecnologias melhoradas.

Um clássico da literatura tanto na educação como na gestão.  Aplicar novas tecnologias sem mudar os processos não resulta em grandes aumentos de eficiência; sem integrar as visões e ações das diversas áreas de gestão não temos como alcançar melhores resultados.

O conceito de cidade inteligente faz referência a gestão inteligente, e entendo que o inicio dessa construção se revela em três medidas muito importantes:

  • O aumento de eficácia e eficiência dos processos, por meio de mapeamento, melhoria e automatização;

  • a construção de big data sobre a cidade para auxiliar a tomada de decisões dos gestores;

  • e a construção da consciência cidadã, afinal não podemos ter cidades inteligentes sem cidadãos conscientes e participativos. 

Existem muitas experiências de valor no Brasil, a gestão por processos em Belo Horizonte iniciou-se com uma experiência na área de Medicina do Trabalho, com o Processo de Readaptação Funcional. O processo era executado com um prazo muito extenso para cumprir seu ciclo de ponta a ponta, em média 200 dias, e envolvia vários atores da área de RH. Com a reestruturação, o prazo para sua execução foi reduzido para 30 dias. Em Boa Vista, uma experiência de mapeamento e automatização de processos conseguiu que as informações sobre problemas urbanos que antes demoravam em chegar ao fiscal  7 dias agora demorem 15 minutos. 

É necessário construir uma visão sistêmica da gestão pública, para, com uma base de dados integrados, melhorar a tomada de decisão dos gestores, enxergando a administração como um todo; e por outro lado, melhorar a comunicação com os munícipes e a própria gestão por meio da automatização de fluxos de informação intra e inter secretarias, integrando os processos e o controle de resolução dos problemas identificados.

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