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A síndrome da superioridade ilusória. Parte II.

Superando as nossas limitações

Daniel Luzzi

·

11 de out. de 2016

Fiquei realmente surpreso com o impacto do artigo que publiquei sobre a superioridade ilusória, que obteve mais de 2.966.414 visualizações e mais de 1125 comentários de colegas de diversos segmentos de atuação que afirmaram terem vivenciado esta situação em suas organizações e o sentimento negativo que gerou no grupo de trabalho, causando até a perda de seus colaboradores mais valiosos.

Muitos colegas têm inclusive apontado a responsabilidade das lideranças em permitir e potencializar esta prática e fizeram reflexões no sentido de identificar esta situação como um dos principais fatores que levam as organizações ao fracasso.

E esta problemática não se limita as dificuldades internas que gera. Assisti a um vídeo de um executivo internacional do Brasil, representante de uma das confederações de indústrias das mais importantes, brigando em Viena com investidores por não saber construir um argumento aberto que permitisse incorporar o pensamento oposto, um verdadeiro vexame para o Brasil, e um verdadeiro fracasso formativo, na minha opinião. 

Mas como superar esta situação?

O primeiro a entender é que todos nós, em algum momento da vida, por insegurança, imaturidade ou por outros motivos, passamos por isso. Assim, não podemos condenar ninguém e deveríamos ficar vigilantes para não cair na armadilha da superioridade ilusória.

Também é importante entender que nunca saberemos tudo e aos poucos devemos ir estudando mais e mais, sem sentirmo-nos satisfeitos. Lembrem as palavras de Guimarães Rosa:

“O animal satisfeito dorme.”

Numa fase de transição, como a que estamos vivendo, instala-se o debate cuja dialética se define entre o certo e o incerto, o estável e o instável, o contínuo e a ruptura.

A realidade é que estamos em pleno processo de construção de uma sociedade tecnológica digital global que se configura como uma sociedade profundamente dinâmica e comunicativa, com novas linguagens, códigos, condutas, costumes e valores. 

Friedrich Nietzsche certa vez falou que:

“As convicções são inimigas mais poderosas da verdade do que as mentiras.”


Já não são suficientes as competências clássicas do passado que continuam a se oferecer às empresas nos treinamentos e palestras corporativas como uma panacéia para todos os males. 

Não adianta continuar a ensinar técnicas, por melhores que estas sejam, ou repetir frases de efeito com os famosos 7 passos para ser um líder, ou contratar um showmen Top, como vemos em muitos avisos para eventos corporativos.

Necessitamos formar os colaboradores para enfrentar um novo mundo, uma realidade onde a estabilidade é uma ilusão, o saber representa uma resposta temporária e as técnicas que repetíamos uma vez ou outra deixaram de ser importantes, até porque uma técnica, diferente de uma estratégia, foi concebida para a repetição cega em contextos estáveis e preestabelecidos. Por exemplo: fazer uma comida sempre com os mesmos ingredientes para a mesma quantidade de pessoas. Mas o que acontece se o alho acaba? Preciso criar uma nova estratégia, adaptar a técnica a uma nova situação e para isso é necessário possuir capacidades de adaptação as diversas condições do contexto.

Conheço inúmeros profissionais de primeira linha que se lhes acaba o alho, não sabem o que fazer. E acham que uma e outra vez o único válido é o que eles aprenderam. 

Parafraseando a Mark Twain:

“Quando o único instrumento que você tem é um martelo, todo problema que apareça você tratará como um prego.”


Estamos vivendo num momento de transição, onde surge um novo tipo de racionalidade que é necessário desenvolver:

  • Que incorpora o sujeito e seus “preconceitos”. É muito importante manter a mente aberta, apesar do que conhecemos ou acreditamos, as vezes o que achávamos que era de uma forma, termina sendo de outra, e se não temos a mente aberta nunca teremos condição de reagir as mudanças e novas tendências do mercado.

  • Que resgata os outros na construção do consenso intersubjetivo; já que é a partir da troca mútua que se constrói e reconstrói o conhecimento, como colocava no artigo anterior, é como pedir emprestada a mente dos outros com conhecimentos e experiências para enriquecer a nossa.

  • Que promove uma cultura com regras de convivência que ressaltam a importância das diferenças, da tolerância, da empatia e do diálogo; um processo eminentemente reflexivo e dialógico.

  • Que aceita a complementaridade metodológica como abordagem para alcançar a compreensão do complexo mundo que habitamos. Hoje se torna imprescindível a abordagem interdisciplinar para a compreensão do contexto e as suas tendências.

  • Que supera o simplismo do pensamento lógico da explicação causal pela multirreferencialidade, ou seja, implementar óticas de leitura plurais e contraditórias para entender melhor uma realidade, uma dificuldade ou um problema a partir de diferentes perspectivas, em função de sistemas de referência distintos.

  • Que concebe o conhecimento como um processo inacabado, um permanente “sendo”; E quando falamos de conhecimentos nos referimos tanto aos conhecimentos teóricos como metodológicos, afinal o método é um conteúdo.


Lamentavelmente muitas universidades e organizações continuam formando e promovendo a formação de profissionais feitos; enchem a cabeça das pessoas com conteúdos (teorias e técnicas), como se eles fossem a última palavra dessa área de conhecimento. Ou seja, formam pessoas convictas de que sabem.

Já havia assinalado Daniels que:

O ensino direto de conceitos prontos para serem empacotados é pedagogicamente improdutivo.

O professor que tenta usar essa abordagem não alcança mais do que um aprendizado estúpido de palavras, um verbalismo vazio que estimula ou imita a presença de conceitos.  Nessas condições se aprende não o conceito, mas a palavra, que ele capta pela memória, não pelo pensamento.

Assim surge uma geração de profissionais que dominam as palavras mas não os conceitos que elas significam e não conseguem aplicar e muito menos transferir os conceitos a outros contextos de atuação.


Necessitamos ir muito além disso na realidade atual; promover o exercício do “olhar para dentro”, e desenvolver a capacidade de “usar” bem o conhecimento que se tem, permitindo modificar a própria ação.

Há a necessidade de desenvolver estilos de pensamento meta-cognitivos, complexos, abertos às incertezas e às mudanças constantes, para dar conta de um mundo em constante transformação. 

Precisamos aprender a aprender, e aprender a pensar.


Vivemos na era dos profissionais reflexivos na ação e sobre a ação, até porque a vida não espera e a reflexão na ação sempre é limitada. O Laboratório de Mudança, por exemplo, é um método e um instrumental novo para a intervenção formativa nas atividades de trabalho, projetado para atender a essa necessidade e auxiliar a transformação qualitativa e a aprendizagem expansiva no âmbito dessas atividades.

Não falamos apenas em efetuar mudanças nas práticas organizacionais, mas também no desenvolvimento da capacidade continuada dos profissionais para desenvolvê-las de modo expansivo, com o suporte de novas ferramentas conceituais e novas práticas.


Um tipo de proposta na qual uma unidade operacional, por exemplo, resolve seus problemas e contradições internas através da construção de novas formas de funcionamento coletivo. 

O certo é que é hora de que os treinamentos corporativos e as universidades descubram nas ciências da educação uma base sólida para formar profissionais do século XXI. No mundo a educação há tempos deixou de ser um simples conteúdo de repetição.

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