
T&D360 Live - Ep 1
Educação Corporativa na Encruzilhada
Uma baita dor de cabeça que podemos resolver

Gustavo Brito
·
12 de jun. de 2025




A educação corporativa está num beco sem saída. Não é exagero. O que vemos por aí é um modelo engessado que já não faz sentido num mundo onde tudo muda a cada clique. E não estamos falando de uma mera "fase de adaptação" – estamos diante de um abismo entre o que oferecemos e o que as pessoas realmente precisam.
A Ressaca da "fábrica de conteúdo"
O século XX nos deixou um legado problemático. Nos acostumamos com uma lógica industrial para educar pessoas: produção em massa e distribuição em escala. Empresas se gabavam de suas "vastas bibliotecas digitais" com milhares de cursos, como se quantidade fosse sinônimo de qualidade.
A internet só piorou isso. Em vez de repensarmos como as pessoas aprendem, usamos a tecnologia para despejar ainda mais conteúdo goela abaixo. O sucesso? Medido pela quantidade de informação que conseguíamos empurrar para as pessoas. "Aqui estão os processos de sucesso. Aprenda-os e você terá sucesso." Simples assim. Ou não.
O Tridente do Diabo: Por que T&D está na UTI
O século XXI trouxe um mundo VUCA que expôs as fraturas desse modelo. Olhe para os números: 72% dos gestores dizem que treinamento é importante, mas só 24% confiam nas áreas de T&D. Essa dissonância tem nome e sobrenome:
Desengajamento: É o elefante na sala que ninguém quer ver. Evasão de 85% a 90% em cursos online? Normal. Mas você não vai encontrar esses números em relatórios oficiais. Seriam admissões de fracasso. E as tentativas de resolver isso com "tikitotização" e gamificação vazia só maquiam o problema. É como botar um band-aid num braço quebrado.
Desconexão Estratégica: T&D virou uma ilha, desplugada da estratégia do negócio. "Impactamos 100 pessoas em 800 horas de treinamento!" Ótimo. E daí? O que mudou no negócio? As métricas de vaidade só servem para justificar a própria existência, não para gerar valor real.
Desdém da Liderança: É a consequência natural. Sem resultados claros e com engajamento pífio, a liderança começa a ver T&D como gasto, não investimento. E aí vem a solução mágica: "Vamos usar IA para mapear competências e personalizar experiências!" Como se o problema fosse tecnológico, não conceitual.
O Caminho das Pedras: Como sair dessa cilada
A saída desse labirinto não é aumentar a velocidade – é mudar a direção. Precisamos de uma revolução no nosso jeito de pensar aprendizagem corporativa:
Foco no Resultado, não no Conteúdo: Pare de perguntar "que curso você quer?" e comece a questionar "que problema você precisa resolver?". Aprendizagem tem que ser uma ferramenta para resolver problemas reais, não um fim em si mesma. Não é sobre aprender um monte de coisas – é sobre aprender a fazer algo bem feito.
Do Saber ao Fazer: Se depois do curso a pessoa não consegue aplicar o conhecimento, foi tempo e dinheiro jogados fora. É como um curso de culinária onde você aprende tudo sobre bolos, mas sai sem saber assar um. Foque na experiência, na tomada de decisão, na resolução de desafios concretos.
Reconexão com a Ciência: Chega de achismo! Precisamos trazer neurociência e psicologia cognitiva para o centro do design educacional. O cérebro não processa bem quando bombardeado com informações. E não, aquela pirâmide de aprendizagem que você usa nos slides não tem base científica. Vamos parar de perpetuar mitos?
Cultura de Aprendizagem Contínua: Educação corporativa precisa namorar e casar com a cultura organizacional. Se a empresa não valoriza conhecimento, não adianta ter a melhor universidade corporativa do mundo. Você precisa construir um ambiente onde curiosidade e experimentação são premiadas, não punidas.
Jornadas, não Caixinhas: Esqueça os cursos isolados com início, meio e fim. Habilidades complexas exigem "expedições" – jornadas mais longas, não em termos de volume, mas de acompanhamento. Pense nisso como um treino para maratona, não como uma corrida de 100 metros.
Mensuração de Impacto Real: Abandone as métricas de vaidade. O sucesso de T&D deve ser medido pela contribuição aos resultados do negócio. É preciso olhar além do curso, para o que acontece depois, quando o conhecimento (supostamente) é aplicado.
A Hora da verdade
A encruzilhada atual da educação corporativa nos obriga a fazer escolhas difíceis. Podemos continuar polindo um modelo falido ou podemos reconstruir do zero, com foco em resultados tangíveis e aplicação prática.
Não é sobre turbinar o passado. É sobre construir um futuro onde aprendizagem seja relevante, engajadora e genuinamente transformadora. Onde T&D seja visto não como centro de custo, mas como acelerador de vantagem competitiva.
Até quando vamos seguir apostando em cursos como resposta única aos desafios organizacionais?
———
Este artigo foi gerado a partir da conversa entre Gustavo Brito e Daniel Luzzi, na live Cognita T&D360 Live - Ep 1: Educação Corporativa na encruzilhada, em 12 de jun. de 2025.
Confira o papo na íntegra:
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Cognita T&D360 Live - Ep 1: Educação Corporativa na encruzilhada

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