T&D360 News - Ed 2
Mutatis Mutandis
Falemos de mudanças que mudam o jogo?

Gustavo Brito
·
16 de jun. de 2025




TRENDS
Uma das organizações de grande destaque quando o assunto é trazer visões de futuro, o Copenhagen Institute for Futures Studies publicou em 2023 uma trend que, ainda hoje, luta para se tornar uma realidade de fato:
Mercenários intelectuais
A economia dos "talentos nômades" ainda patina no Brasil, e a explicação está menos nas leis trabalhistas e mais nas entranhas da nossa cultura empresarial. Enquanto o mundo lá fora abraça um ecossistema fluido de mercenários intelectuais, por aqui seguimos presos a um modelo de gestão quase feudal, onde o controle ainda é a moeda mais valiosa nas relações de trabalho.
Nossa cultura organizacional continua apaixonada pela ideia do "comando e controle" - aquela velha mentalidade onde quem não está à vista não está trabalhando. Enquanto lá fora se vive a troca talentos como se fossem figurinhas de álbum, os gestores brasileiros ainda se arrepiam com a ideia de não ter seus "recursos humanos" devidamente contabilizados e controlados. É como se cada colaborador com autonomia fosse uma potencial ameaça à ordem estabelecida.
Soma-se a isso nossa internet de geometria variável, o inglês ainda timidamente falado nas corporações e a formação educacional desigual, e temos a receita perfeita para ficarmos assistindo de longe essa revolução dos talentos. As empresas brasileiras, ainda obcecadas por hierarquia e presença física, preferem "criar em casa" mesmo quando seria mais inteligente contratar aquele gênio freelancer que mora do outro lado do mundo. No final das contas, estamos querendo entrar na balada global dos talentos, mas ainda insistimos em fazer a chamada na entrada e exigir crachá de identificação para todo mundo.
Saiba mais:
cifs.dk
Unlocking the Future of People and Organisations
STORYTELLERS
Semana passada conversamos com Frida Monsén , Head Global de Learning & Development da Vattenfall em Estocolmo (Suécia) e educadora de mão cheia. Frida é amiga de longa data e tem uma trajetória notável na interseção entre aprendizagem e tecnologia, seja como professora, palestrante TEDx ou empreendedora.
No papo com ela, uma pergunta estava no centro de tudo:
Frida, qual é o seu maior desafio hoje, como gestora de T&D em uma grande empresa?
Olha, hoje é o problema dos silos organizacionais! Departamentos despreparados para colaborar e diretrizes financeiras que não incentivam a colaboração em torno de tópicos estratégicos. Isso tem criado subotimização e engargalado departamentos (especialmente na área tecnológica). Isso tem nos tornado lentos quando precisamos ser ágeis!
Hoje, uma semana depois, a resposta da Frida ainda me deixa pensando. Por um lado, surpreende pois quando fazemos essa mesma pergunta a líderes de educação corporativa no Brasil é muito raro que as respostas desviam do desafio de engajamento de colaboradores nas iniciativas educacionais. Por outro, é inegável que silos organizacionais atrapalhem muito os esforços de times de T&D pelas bandas de cá também, especialmente quando o assunto passa pelo “triângulo das bermudas”: compras, comunicação, tech.
No fim do dia, dá para dizer com alguma segurança que se a solução dos problemas que afligem a educação corporativa é sistêmica, o mesmo se pode dizer dos desafios: não é uma andorinha solitária, mas uma constelação de obstáculos.
AI & TECH
Uma pesquisa recente publicada pela Harvard Business Review mostra como os casos de uso da inteligência artificial estão evoluindo, e os dados revelam muito sobre os novos desafios que estamos enfrentando.
Em 2024, os principais usos da IA estavam centrados na geração de ideias, terapia/companhia e buscas específicas. Já em 2025, surgem novas prioridades no topo da lista: organizar a vida, encontrar propósito e aprimorar o aprendizado. Vide imagem abaixo:

O que isso nos mostra?
Estamos deixando de utilizar a IA apenas como ferramenta de produtividade e começando a vê-la como parceira cognitiva e emocional, muitas vezes, projetando sobre ela uma subjetividade que, de fato, ela não possui.
Casos ligados à educação, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal ganham relevância, enquanto os usos mais técnicos ou operacionais perdem força no ranking de prioridades.
Sim, o uso da inteligência artificial está mudando.
E isso exige de nós novas capacidades para lidar com um cenário mais sutil, ambíguo e interdependente: pensamento crítico, ética e discernimento diante de respostas automatizadas.
Mais do que aprender a “usar” a IA, talvez o verdadeiro desafio seja aprender a conviver com ela, com consciência, intencionalidade e responsabilidade.
Fonte: https://hbr.org/2025/04/how-people-are-really-using-gen-ai-in-2025
INSIGHTS
A realidade corporativa se transformou profundamente, trazendo consigo novas expectativas dos participantes em programas de desenvolvimento. Aqueles que hoje acessam nossas iniciativas educacionais são radicalmente diferentes dos profissionais de décadas anteriores - são pessoas que demandam, sem concessões, uma jornada de aprendizagem que equilibre navegabilidade intuitiva, aplicabilidade imediata, desafios intelectuais estimulantes e conteúdo substancial.
O nível de exigência desses novos aprendizes atingiu patamares sem precedentes, com tolerância zero para experiências educacionais mal construídas ou executadas. Esta postura crítica não surge por acaso - é consequência direta de uma sociedade inteira que foi recalibrada pela experiência de uso dos aplicativos móveis, onde a excelência não é exceção, mas pressuposto básico. A horta educacional corporativa precisa se adaptar a esse novo terreno, onde a qualidade da experiência é tão importante quanto o conteúdo que se deseja cultivar, do contrário, times de T&D continuarão sofrendo (e perdendo) a batalha pelo engajamento dos colaboradores.
Q&A
Semana passada tivemos a estreia do nosso T&D360 Live e o Elias Alexandre Oliveira dos Santos nos deixou uma pergunta nos comentários:
"Provocações necessárias, de que educação estamos falando? Estamos ajudando as pessoas a desenvolver suas capacidades de aprender a aprender? Num mundo de tiktokers e consumo de informações rasas, como ajudar as pessoas a desenvolver suas habilidades sabendo que isso leva tempo?"
Aqui vai nossa visão sobre isso, nas palavras de Daniel Luzzi :
"Olá Elias, você tocou exatamente no ponto nevrálgico da discussão e que, muitas vezes, fica à margem do que realmente se debate nas organizações.
De que educação estamos falando?
O que temos visto é uma crise de propósito, coerência e relevância. Implementamos uma educação baseada na transmissão de conteúdos genéricos, fragmentados e desconectados da prática, formatos engessados e experiências que, em vez de engajar, reduzem os aprendizes a espectadores passivos.
Com esse tipo de educação não estamos ajudando as pessoas a desenvolver suas capacidades de aprender a aprender. Só empilhando conteúdos e certificados. Aprender a aprender é criar repertório, fortalecer a autonomia intelectual, desenvolver raciocínio crítico, saber quando e onde buscar ajuda, entender o que ainda não se sabe.
Quando falamos em Smart Learning, falamos de mudar a lógica, não só o formato. Porque modernizar a casca não basta. É urgente recuperar a aprendizagem como experiência que transforma e prepara pessoas para lidar com a complexidade do presente."
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Quer nos mandar uma pergunta? Acessa o link abaixo, é fácil:
https://forms.gle/YVN3uesmWFBSnhjH7
Até a próxima pessoal!
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