TRENDS

Aqui está uma verdade inconveniente: enquanto todo CEO do planeta anda por aí falando sobre "cultura de aprendizagem" como se fosse um smoothie detox, a maioria das empresas ainda trata educação corporativa como aquela planta de escritório que você promete regar toda sexta-feira, mas só lembra quando ela já está com as folhas amareladas.

A tendência mundial de investir em culturas de aprendizagem não é mero capricho. É questão de sobrevivência corporativa. As organizações finalmente perceberam que sem um ambiente que respire, transpire e cultive conhecimento, estão condenadas à obsolescência. No entanto, muitas ainda confundem "ter uma plataforma de cursos online" com "ter uma cultura de aprendizagem". É como acreditar que comprar um livro de receitas saudáveis automaticamente te transforma em um atleta olímpico.

Uma cultura de aprendizagem verdadeira não é apenas sobre cursos, horas de treinamento e certificados. É sobre criar um ecossistema onde curiosidade e experimentação são mais valorizadas que perfeição. É construir um ambiente onde o fracasso não é punido, mas celebrado como matéria-prima para inovação. E, principalmente, é entender que aprendizado não é um evento de calendário, mas uma mentalidade contínua que permeia todas as decisões e interações.

As empresas que realmente entendem isso estão criando ritos, rituais e símbolos que reforçam diariamente essa mentalidade. Estão conectando propósito organizacional com crescimento pessoal. E o mais importante: estão transformando líderes em jardineiros de aprendizagem, não em policiais de performance.

STORYTELLERS

Anna Gyllenklev 🚀 , conhece? Se não conhece, vale conhecer. Ana toca sempre em algo essencial e em um dos seus mais recentes posts trouxe algo que me chamou atenção:

Todo sistema é construído sobre uma narrativa dominante que molda como operamos.

Essa observação ressoa profundamente comigo porque tenho visto organizações que, ao ignorarem a mudança de suas narrativas, acabam preservando estruturas educacionais que já não atendem ao presente, quanto mais ao futuro.

O processo que ela e Rosanna Zimdahl propõem é brilhantemente simples e poderoso: identificar verbos do sistema atual, definir verbos do sistema futuro e encontrar pontos de alavancagem. Essa abordagem lembra que a transformação sistêmica começa com a linguagem - mudamos o que falamos para mudar o que fazemos.

A parte que mais me capturou foi a ideia do "espaço de transição". No contexto educacional corporativo, nossas organizações estão presas nesse limbo entre o velho e o novo, e precisamos criar deliberadamente esses espaços de transição - zonas seguras onde podemos experimentar novas narrativas sem o peso das antigas lógicas.

Sigo pensando nisso...te recomendo o mesmo ;)

AI & TECH

A Dr Philippa Hardman compartilhou cinco casos de uso impressionantes (levantados em um bootcamp liderado por ela): um gerador de personas de aprendizes, um bot de análise de necessidades que dispensa pesquisas tradicionais, um gerador de scripts instrucionais otimizados para engajamento, um construtor de avaliação completo e um gerador de objetivos de aprendizagem. O mais interessante é que ela generosamente compartilhou o prompt do gerador de objetivos para todos testarem.

Olhando para esse post, fico pensando como essas ferramentas confirmam o que venho falando: designers de aprendizagem que dominam a IA terão seu lugar garantido no futuro próximo (quanto ao distante, já não poderia afirmar). A questão não é mais se devemos usar IA, mas como usá-la estrategicamente para ampliar nossa capacidade criativa. Quando automatizamos as tarefas repetitivas do design instrucional, liberamos tempo e energia mental para o trabalho verdadeiramente humano: entender contextos, criar conexões significativas e desenhar experiências memoráveis. A parte mecânica vai para a IA, a sensibilidade e a visão sistêmica continuam sendo nossa vantagem competitiva. É exatamente essa combinação que pode nos ajudar a superar o "tridente do demônio": desengajamento, desconexão e desdém.

Para quem quiser ler o post original da Phil, clique aqui.

INSIGHTS

É fascinante ver o trabalho de pessoas como Philippa Hardman e Ana Gyllenkev no campo do pensamento crítico em torno de tecnologia, filosofia, aprendizagem, transformação. O que ambas têm em comum é algo que temos defendido há anos: a necessidade de pensarmos sistemicamente sobre educação.

A forma como pensamos a educação corporativa precisa evoluir. Não se trata mais de criar um treinamento aqui e ali, oferecendo cursos desconectados como se fossem monoculturas educacionais. O verdadeiro poder da aprendizagem nas organizações vem de pensar holisticamente, criando ecossistemas vivos e interconectados.

A educação corporativa do futuro não será sobre controle centralizado, mas sobre criar as condições ideais para que a aprendizagem floresça por toda a organização. Como horticultores, não transformamos diretamente sementes em frutos - criamos o ambiente perfeito para que esse processo aconteça naturalmente.

O papel de profissionais de T&D não é entregar aprendizagem, mas maximizar oportunidades que ampliem alternativas de futuro tanto para os indivíduos quanto para a organização como um todo.

Como digo em meu livro: "Uma boa horta não sobrevive de ações isoladas. Soluções educacionais produtivas são aquelas que funcionam como um sistema completo e sofisticado de interdependência entre metodologias, curadorias de conteúdos, plataformas, design, comunicação, gestão da mudança, experiência do usuário, formatos, durações, calendários, comunidades e culturas de aprendizagem.

Q&A

Essa rubrica é muito especial sabe gente? Ela depende de vocês para existir. Funciona assim: vai ter sempre um link aqui  para vocês lerem com celulares e nos mandarem uma pergunta. Nós vamos receber as curiosidades e escrever respostas. Daí, trazemos para cá o que pensamos (e podemos marcar vocês ou deixá-los anônimos, vocês que escolhem).Legal né? Certamente a pergunta de vocês é dúvida de mais pessoas, então assim enriquecemos o ecossistema juntos, que tal?

https://forms.gle/YVN3uesmWFBSnhjH7

Até semana que vem!

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