T&D360 News - Ed 4
Joio & Trigo
Entre palcos e stands, há muita triagem para fazer em eventos.

Gustavo Brito
·
30 de jun. de 2025




TRENDS
Minha passagem pelo CBTD 2025 da ABTD Nacional - Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento foi marcada por contrastes interessantes. O mais revigorante foi, sem dúvida, a qualidade do público presente - pessoas ávidas por conhecimento, lotando palestras, cases e workshops com uma energia contagiante. Vi muita gente atrás de livros e discussões profundas nos corredores, sinalizando um grupo de profissionais genuinamente comprometido com seu crescimento e aperfeiçoamento constante. Este engajamento me deu esperança no futuro da educação corporativa.
Por outro lado, não posso deixar de mencionar a tendência de proliferação preocupante de influenciadores no evento. Figuras que ocuparam espaços nobres com promessas grandiosas de transformação instantânea, receitas milagrosas e soluções superficiais. Sem profundidade teórica ou experiência prática, oferecem apenas discursos vazios e fórmulas genéricas, distanciando o campo da seriedade que merece.
Ainda assim, saio otimista. Entre conversas com colegas veteranos e novos talentos, percebo que há uma consciência crescente sobre a diferença entre conteúdo substancial e espetáculo vazio. A comunidade de T&D parece estar desenvolvendo os anticorpos necessários para distinguir conhecimento real de marketing pessoal disfarçado de expertise.
STORYTELLERS
No último dia 25 a incrível Daniela Bauab celebrou o lançamento do seu primeiro livro, Doping Corporativo: o uso de medicamentos para aumento de produtividade e o fez em grande estilo, com sessão de autógrafos, muitos abraços e o reconhecimento por trazer à tona essa conversa tão visceral para pessoas e organizações.

No livro, Bauab navega com sensibilidade e rigor por um tema que muitos preferem ignorar, trazendo à luz a crescente pressão por desempenho sobre-humano no ambiente corporativo e suas consequências. Com uma combinação equilibrada de pesquisa científica e casos reais, ela expõe como o uso de medicamentos para aumentar a produtividade se tornou uma resposta silenciosa ao burnout e às demandas excessivas. Para profissionais de educação corporativa, esta obra se torna leitura obrigatória - afinal, como desenvolver talentos de forma sustentável se ignorarmos os limites humanos e as estratégias desesperadas que emergem quando ultrapassamos essas fronteiras? A autora nos convoca a repensar nossa responsabilidade no desenvolvimento de ambientes que valorizem a saúde mental tanto quanto os resultados.
Daniela Bauab é TRIGO no meio de tanto joio.
AI & TECH
Alguém já disse uma vez que, quanto mais tecnologia temos, mais toque humano precisamos. E não foi qualquer alguém - foi John Naisbitt, com seu conceito "High Tech, High Touch". Tenho refletido muito sobre isso, enquanto observo esse paradoxo fascinante se desenrolar diante de nós: enquanto nos cercamos de algoritmos, bits e bytes, nossos corpos gritam por conexões genuínas, olho no olho, alma com alma.
A inteligência artificial tem mostrado capacidades impressionantes, transformando indústrias inteiras com seu poder de processamento e análise. Mas, ao mesmo tempo, essa revolução tecnológica nos lembra, quase diariamente, que existe algo insubstituível no calor de uma conversa presencial, na cumplicidade de um abraço, na energia de uma sala onde pessoas respiram o mesmo ar enquanto compartilham ideias.
Não estamos diante de uma escolha binária entre abraçar a tecnologia ou preservar o contato humano. O verdadeiro desafio do nosso tempo é encontrar aquele ponto de equilíbrio sensível. É nessa intersecção - entre a eficiência tecnológica e a sensibilidade humana - que emergem as soluções mais poderosas para os desafios contemporâneos. É aí que a inteligência artificial encontra a inteligência emocional, onde o digital abraça o analógico, onde a máquina serve ao propósito humano mais elevado.
AI só por AI é JOIO. Erva daninha.
INSIGHTS
Minha palestra no #cbtd2025 foi sobre como organizar times de educação corporativa para que performem com a excelência de uma brigada de cozinha com três estrelas Michelin. A palestra foi no grande auditório 13 e simultânea com outras 3 palestras no mesmo horário. Do meu lado direito havia uma palestra sobre mentoria. No esquerdo, uma sobre ROI na educação. Ambas estavam lotadas. A minha tinha um séquito. Umas boas 50 pessoas, talvez?
Me senti meio Schoppenhauer (guardadas as devidas proporções, pelamordedeus), dando aula para uma sala meio vazia. Que insight se pode tirar disso? Bem, alguns:
O que mais me chama atenção é a ironia de falarmos sobre excelência em times de T&D enquanto o público prefere temas como mentoria e ROI. É como se estivéssemos construindo uma casa começando pelo telhado - buscamos medir resultados (ROI) e implementar soluções pontuais (mentoria) sem antes estruturar adequadamente quem irá desenhar, implementar e sustentar o ecossistema de aprendizagem;
A baixa adesão à palestra sobre times de excelência revela um paradoxo: muitas organizações desejam resultados excepcionais em educação corporativa, mas poucos investem na compreensão de como estruturar equipes para entregar essa excelência. É como querer uma horta produtiva sem investir nos horticultores;
A preferência por temas como ROI e mentoria sugere uma tendência a buscar soluções incrementais e métricas conhecidas, em vez de transformações estruturais. Isso reforça o que abordo em "A Horta": continua-se tratando educação corporativa como um subsistema e não como um ecossistema;
Assim como Schopenhauer foi mais valorizado postumamente, talvez estejamos à frente de nosso tempo ao propor uma visão holística de times de T&D quando o mercado ainda busca soluções pontuais. Isso sugere que o ecossistema de aprendizagem que defendo talvez seja mais apreciado quando a crise dos subsistemas se tornar mais evidente.
Minha palestra foi TRIGO entre trigos e joios? Não saberia dizer. Espero que sim.
Q&A
Essa rubrica é muito especial sabe gente? Ela depende de vocês para existir. Funciona assim: vai ter sempre um link aqui para vocês lerem com celulares e nos mandarem uma pergunta. Nós vamos receber as curiosidades e escrever respostas. Daí, trazemos para cá o que pensamos (e podemos marcar vocês ou deixá-los anônimos, vocês que escolhem).Legal né? Certamente a pergunta de vocês é dúvida de mais pessoas, então assim enriquecemos o ecossistema juntos, que tal?
https://forms.gle/YVN3uesmWFBSnhjH7
Até semana que vem!
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