T&D360 Live - Ep 3

Superworkers, Futuro do Trabalho e Competências

Desvendando a Nova Realidade

Gustavo Brito

·

4 de jul. de 2025

Vocês já repararam como o mercado corporativo ama um termo da moda? "Superworkers", "futuro do trabalho", "competências do futuro"… As pessoas adoram surfar nessas ondas conceituais, mas poucos param para entender o que realmente significam. Na live do T&D360 com meu parceiro Daniel Luzzi, mergulhamos nisso sem pedir licença e sem dourar a pílula.

Lembra quando o "profissional competente" era aquele que parecia ter engolido a Wikipedia da sua área? Aquele sujeito com "conhecimento estável" em um mundo que mudava na velocidade das carroças. Pois bem, essa figura virou um "bicho de quatro cabeças". Como diria o Luzzi, estamos vivendo um paradoxo formidável: enquanto as organizações precisam cada vez mais, os profissionais conseguem entregar cada vez menos. O gap só aumenta.

Mas será que a culpa é da inteligência artificial? Essa pergunta "será que a IA vai roubar meu trabalho?" já está me dando nos nervos. Vamos ser francos: a IA é provavelmente o artefato cultural mais potente desde a internet, mas ela alucina! E não estou falando de drogas psicodélicas. Os modelos como GPT-4 têm 33% de alucinação, outros chegam a 48%.

Lembra daquele jornalista que gerou uma lista de livros para o verão usando IA e 10 dos 15 títulos eram fictícios? Que mico! É por isso que, ao contrário do que muitos pensam, a IA não nivela por baixo, ela ergue a régua. Para usá-la bem, você precisa ter pensamento crítico, repertório e capacidade de fazer boas perguntas.

A IA não vive, não pega chuva, não se apaixona. Ela só sabe aquilo que dizemos que ela precisa saber. Tem acesso a uma descrição da realidade, não à realidade em si. Por isso essa história de "supertrabalhadores" que vão fazer o trabalho de muitos é uma extrapolação completamente alucinada. Quem compra essa ideia ignora a complexidade da vida humana e a própria lógica econômica: se ninguém tem trabalho, quem vai consumir os produtos?

Quanto às "habilidades do futuro", vamos combinar: elas são do presente, do agora. Não é que no futuro você vai ter que aprender a pensar direito. Você já precisa pensar agora. O Fórum Econômico Mundial mapeia essas habilidades desde 2016, e o padrão é consistente em quatro grandes áreas: cognitivas (pensamento analítico, crítico), inter e intrapessoais (inteligência emocional), conhecimentos técnicos e liderança.

O grande desafio não é identificar essas habilidades, mas entender que elas não funcionam isoladamente. É uma espécie de sinfonia, operam em conjunto. Desenvolver pensamento analítico sem pensamento crítico é como ter um motor potente sem direção. A educação corporativa tradicional falha justamente aí, colocando tudo em pequenas caixinhas isoladas.

Em um mundo com excesso de informação, menos é mais na aprendizagem. Não adianta acumular conteúdo passivamente. Aprender exige precisão, esquema, antecipação. E mais importante: fricção! Educação não é entretenimento. Exige tempo para pausar, pensar, relacionar o novo com o que você já sabia. É um exercício, um atrito entre a nova informação e seus esquemas mentais.

A educação corporativa ainda vive no século XVIII/XIX, enquanto enfrentamos desafios do século XXI. Do ponto de vista digital, ela se concentrou no controle (LMS) e na experiência (LXP), mas esqueceu da aprendizagem. Do ponto de vista metodológico, priorizou o "entertainment" em detrimento da fricção e do confronto de ideias.

Estamos caminhando para uma economia de habilidades ou mercado de talentos. O Canadá já está mapeando "clusters de trabalho" e fazendo recomendações de transição de carreira, entendendo que o mercado não é mais vertical e as competências não podem estar atreladas a funções que mudam rapidamente.

O futuro do trabalho não é um mistério, é uma realidade que exige ação imediata. A educação corporativa tem um papel fundamental, mas precisa de uma mudança radical de paradigma. É hora de abandonar os folclores e as abordagens fragmentadas. A régua subiu, e as empresas precisam de profissionais que não apenas processem informações, mas que reflitam, questionem e ajudem a fazer um ajuste estrutural na forma como pensamos educação.

A tecnologia sozinha não garante aprendizagem. O que importa é como ela é utilizada, ancorada em ciência da educação, neurodidática, sociologia e antropologia. O tempo está passando, e quem não acordar para essa realidade vai ficar para trás. E olha que estou sendo gentil.

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Este artigo foi gerado a partir da conversa entre Gustavo Brito e Daniel Luzzi, na live Cognita T&D360 Live - E3 2: Superworkers, Futuro do Trabalho e Competências, em 04 de jul. de 2025.

Confira o papo na íntegra:

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Cognita T&D360 Live - Ep 3: Superworkers, Futuro do Trabalho e Competências.


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@ Cognita Learning Lab 2025

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